Deitar cá pra fora

Aqui o miúdo anda perdido mais uma vez, com razão aparente.

Pois bem, e já pedindo desculpa aos atentos leitores do meu blog, aqui o moço anda ás voltas com o mundo… mais uma vez. Chegou a altura de refazer mais uma vez a vida e, quem sabe, mudar de código postal mais uma vez. Do trabalho que me foi pedido da última vez, resultou um jornal limpo, simples, bem disposto e com algum material para ler, Fiz um trabalho de jornalista/criativo, como tem vindo a ser hábito, mas infelizmente ainda há “muita terra para cavar, na imprensa regional”. E cá estou eu para seguir caminho para mais uns meses. Aproveitaram? Espero que sim.

Vamos lá mostrar talento para outro lado!

Sentes-te Inspirado? Não? Então onde se esconde essa qualidade que tantos procuram?

Queria fazer um texto bonito para pôr aqui. Talvez se não escrever nada e pintar as letras às cores, fique realmente um post bonito. Mas também pode não ficar. Podia ter tanta coisa bonita para dizer, mas não tenho forma de escrever. Nos meus dias, que não se perdem só em vontades e vícios, fogem-me das mãos os pensamentos e a escrita sólida e pesada. Penso eu que a trago sempre comigo, e quando quero puxar por ela, escapa-me dos dedos e da cabeça e esconde-se não sei bem onde.

A inspiração, realmente, não existe. O que apelidamos de inspiração é nada mais que um projecto inconsciente, que sempre viveu connosco. Apenas o deitamos cá para fora, através de um impulso, fruto de algum tipo de pressão ou descontracção.

Quanto mais queremos realizar e ser originais, menos capacitados nos sentimos. Continuo a pensar que tudo tem uma quota parte: o ambiente, a disposição ou o estado de alma. E, de dentro de cada uma destas possibilidades, desdobram-se mil mais.

Escreve agora uma letra para a música da tua vida. Vai pelas ruas e faz a fotografia que te levará ao elevado palco das celebridades. Nunca o conseguirás, porque a sabedoria deste projecto inconsciente é esse mesmo: a capacidade de te apanhar desprevenido.

Serei tão criativo como desprevenido?

/ Risco /

Posso nunca vir a ter tudo o que quero. Ninguém o terá ao menos que dali se consiga distanciar e ver o quão egoísta seria se tivesse tudo o que o mundo tem. Posso nem sequer um dia ganhar campanhas e disputas. Porque o risco é um pedaço de medo que nos faz recuar e pensar demasiadas vezes. Porque quando se procura bem acaba-se por encontrar defeitos e saber que nada resultará, mas o risco é isso: conhecer tão bem o que vai falhar para que mais tarde não haja surpresas.

O produto vende melhor a quem conhece pouco. Quanto mais se sabe, mais defeitos se aponta.  Esse é o trabalho de um criativo, pensar em tudo o que não vai resultar, porque o resto são só palavras!