002 – A metros do caminho

… Não foi fácil. Quando me ligas-te a pedir se te recebia em minha casa, não pensei duas vezes. Claro que te queria ver, afinal sempre significas-te muito para mim. Trazia o cabelo desprovido de enleios e o sorriso que nunca mais vi. Vieste perguntar-me se ainda penso em ti? Respondi que não, cruzando os dedos. Tão longe do meu lamento quanto o metro passa da minha porta. Ofereci-te vinho, do único que tenho em casa, já aberto e com umas borras dignas de um copo de vidro escuro. 

Brincámos com a primeira vez que tentei falar contigo. O metro cheio e eu atrapalhado com uma mochila e uma gravata. Quando me fizes-te o sinal para ajeitar a dita, percebi que, de tão descomposto,  conseguis-te distinguir-me dos outros…

Agradeci-te a ajuda com o nó e, em poucos minutos, já imaginava outro enleio contigo… (continua)